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quinta-feira, 26 de maio de 2011

TRANSGRESSAO (PORTUGUES)


Ando com pressa
sem reconhecer minhas rugas
e o vento é
a surda-mudez de um vidente,
meus brônquios me lembram
que ainda são virgens
apesar da aventura inalada
quando era adolescente.

Sinto meu corpo
como flocos de algodão
nesta tarde cinza
que se mescla com minha alegria,
lanço-me ao vazio
sem as redes do coração
e confundo estas noites brancas
com os dias.

Neste caleidoscópio de cores
divinos e distantes
misturarei meu sangue
com os sabores da lua,
seqüestrarei meus versos
perdidos neste instante
e farei destes segundos de fumaça
a minha fuga.

Sinto minha palavra lenta
e suas letras sem cor
transformam as horas
em erotismo e desconcerto,
os beijos ficam despidos
e úmidos sem dor
e o riso desbocado
escandaliza o mar aberto.

O sal que tempera tua pele
neste céu azul
será a doçura na minha língua
acesa e deserta
quero que te derrames
sem clemência desde o Sul
até minha pele que te aguarda
como península desperta.

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