Quero abençoar os ossos de tuas mãos
uma noite de fevereiro de um dia de festa,
teus irmãos de sangue verdadeiros e falsos,
teus amigos, teus filhos, teus prantos e tuas metas.
Abençoados os beijos feridos, a garganta muda
a carta rasgada, muda nas águas da terra,
a embriaguez feita culpa, a garrafa de rum
tua cabeça afundada nas tábuas da mesa.
Abençoado o milagre de nascer novamente
todas as preces, juras, fantasias e promessas,
as músicas não cantadas, os sonhos perdidos
o coração ferido e tua viagem à inocência.
Que vivam contigo meus desejos mais sublimes
minhas fantasias eróticas, insonias e misérias,
minha memória vencida, meus tropeços e dúvidas
minhas fraquezas, medos e todos meus poemas.
Quero que sejas a dona de meus cantos proibidos
de meus rios, minhas arvores e todas as estrelas,
que dês rumo aos passos que acreditava perdidos
dês morte a minha morte e vida a esta terra.
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