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sexta-feira, 9 de setembro de 2011

TE CONHECI (PORTUGUES)

Te conheci como quem conhece o mundo
como quem toma o café depois de ter feito o amor
  numa noite de vinhos e beijos,
como quem desperta depois de alguns séculos e se lança ao mar

Te conheci sem aguardar resposta
justo quando a cidade vestia-se de lua
quando os paralelepípedos eram a certeza de que teus pés condenados e belos
sepultariam os passos que tentei dentro do teu corpo,
te conheci quando nao havia mais remédio
que encadear meu corpo e meus desejos à madrugada
                                   vestida com os cânticos que me presentearam os oceanos

Te conheci justo quando bebemos o vinho como se fosse água santa
abençoados pelas rimas que surcavam o recinto,
bebemos até que foi suficiente
embora suficiente no foi o que vivemos
no quarto coberto de suores onde as horas se escorreram entre os dedos
depois de ter gasto quase todas as carícias
                        sem usar a casca que ganhamos com os anos

Nos deitamos nas mornas noites deste inverno
com o calor dos verões que nos visitaram nesta vida
sem as dúvidas com que as perguntas nos assaltam no meio da garganta
                                               
Penso que acordar tenha suas vantagens
embora eu reconheça que teus sonhos me levam além das ondas dormidas
essas que rompem em cada porto em que deposito meu esperma e meus medos
mas não estes poemas de amor que saem da minha alma feito incêndios

Sinto que despertar nao seja tão fácil como imaginava
porque sonhas como se estivesses viva
e não te escondes detrás de naves queimadas
                        nem de sentencias, nem de ninhos, nem de carnavais pospostos

Sei que sabes voar com as asas que o universo te deu de presente
embora o calor do sol as vezes lancine tuas veias e cartilagens,
andas com os mesmos passos que conheci no dia em que se juntaram as letras
 e estavas ébria de paz, insana como o tempo e diabólica como um cálice
Sei que sabes sonhar em voz alta
            embora os pesadelos te coloquem armadilhas em todas as esquinas,
embora “la luna pueda salir sin tí … en tu viejo gobierno de difuntos y flores”,
embora a tarde vire uma rocha
e Paraty seja tua testemunha
                                                                                    … ou teu carrasco.

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