Páginas

Total de visualizações de página

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

HAVANA (PORTUGUES)

Havana se me aparece
nua e toda fervente
com seus ossos de fogo
e suas mãos com sementes,
com seus filhos sem sua pátria
com seus pais sem suas filhas
com seus olhos de estação
e com seu céu de armadilhas.

Sonho com minha Havana
e com suas nádegas gloriosas
com seus cabelos de mel
e com suas pernas nervosas,
com suas ruas de paralelepípedos
com seus velhos e suas crianças
com suas casas sem vergonha
e suas noivas em suas praças.

Havana, tu me das voltas
teu corpo me estremeces
assassinas minhas memórias
e seqüestra minhas idéias,
me detesta quando danço
me enamora quando sinto
me encanta com seus encantos
e me odeia quando minto.

Havana se deita encima
como uma puta na cama
pela noite sou o mesmo
que a penetra e a ama,
que a admira desnuda
e lhe acaricia o corpo
à Giraldilla que saúda
as águas que traz o porto.

Havana me faz cúmplice
de seus labirintos de pedra
de suas ruas com bitucas
y seus mananciais de penas,
das lágrimas de suas ilhas
do suor de suas correntes
da fumaça de seus charutos
e da rima de seus poemas.

Havana sabe suas coisas
sabe de todas as espinhas
que já entraram no seu corpo
como vândalos na sua vida,
sabe quem um dia a feriu
quem lhe corta seus fios
quem desconhece sua sorte
e quem não sabe seus trinos.

Quero minha Havana deitada
aguardando que a mareia
suba até seus lábios de chuva
para beijar o mar e a terra,
para abençoar aos filhos
que longe estão, que a  esperam
em seus sonhos de suas noites
e nos vinhos de suas ceias.

Havana se entrega inteira
em corpo e alma, meu amigo
me faz carinhos que sinto
como um sussurro ao ouvido,
diz palavras que se eu te conto
não acreditarias o que digo
não me levarias a serio
não me acharias tão "fino".

À minha Havana a quero puta
a quero arraial, a quero negra
branca, mulata e sem culpas
só quero que ela me queira,
a quero sem uniformes
sem slogans nem quimeras
e que suas "claves" e tambores
inundem a primavera.

Agora vejo a minha Havana
a través de seus destinos
de suas montanhas, seus sonhos
e do cause de seus rios,
da brisa de seus campos
e do salgado do oficio
de ser a mãe de todos
de ser de todos o caminho.

Nenhum comentário:

Postar um comentário