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quinta-feira, 1 de novembro de 2012

INSÔNIA (PORTUGUES)


Tomar chá às 3 da manhã
não é exatamente o que necessito,
mas assim mesmo cubro meu corpo
com as noites que não chegam
para alcançar esses minutos
que me surpreendem
com a cabeça cheia de perguntas
ainda sem respostas.

A cama parece tão grande
como um porta-aviões de luxo
que dá voltas no mesmo lugar
antes de se afundar por partes
nesse oceano de dúvidas
que não nos dá a oportunidade
de viver em meios termos.

As luzes aparecem sem permissão
e a escuridão não nega
que está derrotada, sem volta.
Os olhos são covardes
e se mantêm abertos
como flores carnívoras
apenas aguardando ansiosos
a próxima revolução
que lhes devolverá a liberdade.

Tenho minhas órbitas abertas como conchas
mas as pálpebras não se atrevem
a fechar as portas para todos,
a não brincar mais
nem com o presente, nem com o passado.

Me proponho subir ao penhasco
com os olhos fechados,
me lançar desde cima com as asas recolhidas
e tal vez também morrer de ilusões.
Quero me suicidar com tuas mãos
antes de que o fim do mundo cumprimente
às tantas feridas que aparecem na pele
do único homem que ainda existe
vivo neste mundo.

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