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terça-feira, 17 de abril de 2012

DE TIJOLOS E DE OLHOS (PORTUGUÉS)



De portas e de escadas estamos feitos todos.
Sulcamos os recintos com as costas rotas de quilômetros
e declaramos os olhos sempre que podemos
nas alfândegas que te oferece a vida.

Nos despedimos com as mãos fechadas
para não deixar escapar entre os dedos
as vitorias que tivemos depois de cada desencontro
quando os olhos nem sempre mostraram o que padecemos
quando ardemos como as naves que nos viram naufragar.

De tijolos tenho cobertos os pés.
Esses pobres mortais sangram em qualquer lugar quando descansam
nos corredores dos aeroportos sem escalas,
nos atravessam a fumaça da lembrança e se derrubam
nos fieis degraus que nos conduzem
às estaciones onde pagamos as promessas que nao nos deixaram morrer.

Sinto estes dias tão pesados como tijolos
desde que decidiste me ferir com teu verbo de pedra,
desde que teu coração deixou de me pertencer por aqueles minutos
que pareceram décadas expostas ao vento e ao esquecimento
desde que tua voz não se escutou mais e não me perdoaste
a impaciência que padecem meus dedos em cada poema.

Sou este animal que vês nas mornas noites em que não existimos
e que exibe as vezes sua armadura para esconder as carnes
que sangram nos dias em que lhe pergunto a minha sombra
quanto ainda falta para a ressurreição de um beijo

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